
ESPERANÇA
Mário Quintana
Em cada amanhecer temos uma nova oportunidade. Oportunidade para corrigir erros, para ligar para amigos há muito esquecidos, para amar com tudo que temos e somos. Oportunidade para correr atrás de sonhos adormecidos, para beijar uma moça bonita, brincar e sorrir com uma linda criança, ver o sol nascer ou a tempestade se formar e mesmo assim o dia não vai perder o seu encanto! O problema, o grande vilão que atrapalha o homem de aproveitar todas as oportunidades tem nome. Chama-se “tempo”. E assim é nossa vida guiada pelos ponteiros dos relógios. Cada segundo um batimento, um descompasso, um sentimento um novo medo; cada segundo é um grão da ampulheta da vida que se perde no momento, que some e se consome no vácuo gerado pelo nada!
Aproveitar a oportunidade é de extrema importância para ser “salvo”. Ser salvo e redimido ainda nessa vida no “Já agora” em uma perspectiva terrena e humana, de potencialidades usadas para beneficiar o mundo a nossa volta. O nosso “mundinho” de afazeres, medos, angustias, alegrias, amigos, “inimigos”, sonhos, fantasias; o nosso “mundinho” rodeado de amor e ódio; o nosso “mundinho” de pai ou pais, de mãe ou mães, de irmãos. Ele merece que aproveitemos à oportunidade e façamos de cada “grão de areia de nossa ampulheta” momentos únicos e belos. O tempo esse gigante invisível que sentimos passar tão rápido por nós, esse “Vendigo” da estória do Stephen King¹, possui dois nomes
Chronos um deus mitológico grego que surgiu nos princípios dos tempos, formado por si mesmo era um ser incorpóreo e serpentino possuindo três cabeças, uma de homem, uma de touro e outra de leão uniu-se a sua companheira Anaké (anake) que significa Inevitabilidade. Numa espiral em volta do ovo primogênito separando-o, formando então o Universo ordenado com a Terra, o mar e o céu. Permaneceu na mitologia como um deus remoto e sem corpo, que rodeava o Universo, conduzindo a rotação dos céus e o caminho eterno do tempo, aparecendo ocasionalmente perante Zeus sobre a forma de um homem idoso de longo cabelos e barba brancos. Embora permanecesse a maior parte do tempo em forma de uma força para além do alcance e do poder dos deuses mais jovens. Uma das representações mais bizarras de Chronos é a de um homem que devora o seu próprio filho, numa acto de canibalismo. Esta reprensentação deve-se ao fato de os antigos gregos tomarem Chronos como o criador do tempo casado com a Inevitabilidade, logo é impossível fugir ao tempo, todos seriam mais cedo ou mais tarde vencidos (devorados) por ele. Esse é o tempo de quem perde tempo ou desperdiça oportunidades. Esse vilão o Chronos junto com o inevitável roubara cada segundo seu desperdiçado com a ansiedade, cada segundo seu desperdiçado com o medo, cada segundo seu desperdiçado com a falta de confiança no verdadeiro Deus!
Já Kairós significa "tempo determinado" ou "momento no tempo" e são esses momentos que devem reger nossa vida. O tempo mitológico que tem como companheira a inevitabilidade não deve ser o nosso tempo e nem devemos nos preocupar com ele. O nosso tempo é o Kairós o tempo da graça de Deus, os momentos que fazem nossa vida!
O Sábio Livro de Eclesiastes nos fala desse tempo:
“Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu: Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou; Tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derribar, e tempo de edificar.
Tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de saltar; Tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar, e tempo de afastar-se de abraçar; Tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de deitar fora; Tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo de falar; Tempo de amar, e tempo de aborrecer; tempo de guerra, e tempo de paz.” (Eclesiastes 3.1-8).
No poema do Quintana acima a grande transformação do tempo, da transição do velho ou “velha louca” para o novo ou “nova menina” chama-se Esperança. É essa a grande receita que temos que ter, a grande receita da vida que se renova a cada ano e a cada dia. Nossa esperança é o Deus na Cruz, que é a nossa esperança invisível de salvação não só vindoura, mas aqui e agora nos pequenos momentos da nossa vida como diz Paulo o Apóstolo: “ A esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações, pelo Espírito Santo que nos foi dado.” (Romanos 5.5). A esperança é a espera paciente pela fé de que Deus vai nos ensinar a contar os nossos dias (Salmo 90.12)! Que nesse ano possamos aproveitar ao máximo o Kairós, o momento no tempo, que Deus o Santo nos dá!
Nota: ¹ Vendigo é uma espécie de mostro gigantesco e assombroso gerado pela imaginação que traz os mortos de volta a vida segundo lendas indígenas de tribos do Maine estado Norte Americano. Stephen King usa o personagem no Livro O Cemitério.
Guilherme Costa

Nenhum comentário:
Postar um comentário