quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Vazio Existencial


Meu coração já não é mais o mesmo, meu caminhar

se perde por trilhas que eu não consigo alcançar.

Na minha mente corre um rio de duvidas e os meus

sonhos tornaram-se inalcançáveis. Os seus fragmentos

flutuam pelo o ar rarefeito de meus pesadelos.

Minha zona de conforto e as muletas que por muito tempo

segurei, se partiram em pedaços e só com a essência fiquei.

Existem mais perguntas que respostas e depois de tanto

tempo continuamos os mesmo; meros ícones quebrados,

discos arranhados de vinil, pássaros no emaranhado de finas

teias, lutando para não virar a presa de um aracnídeo vil.

No alto da colina onde antes havia uma cruz, uma velha e

negra cruz, hoje esta repleta de figuras geométricas, de

mapas e escalas, de regras e normas, de certezas

absolutizadas, de ausência e de graças vazias.

Você me viu passar tão cabisbaixo, mas estava ocupada

demais com os anéis dos seus dedos, com metais

sem calor, com seu umbigo e seu desamor. E eu segui

minha sina por entre percalços, se eu cair vou me arrastar

por essa lama suja, por esta estrada moribunda.

Não sobrou nada do que enfeitava a minha fé, nada das

velhas muletas, porém ainda ouço os gritos e alaridos

dos exatos matemáticos da “Santa Sé”.

Eu me vi partindo, correndo para lugar nenhum na

minha infância adormecida. Meus cabelos compridos

e com longos cachos, meu moletom azul marinho com

o rosto de um urso bordado, minha calça de abrigo

preta com um listra branca e vermelha meus pés descalços.

Meus dedos encardidos de brincar na terra, no “húmus” da

minha humildade, por estar em contato direto com ela.

Continuo correndo em minha velha infância, me vejo menino

partindo para cada vez mais longe do que sou agora.

Soluço lágrimas de desencanto, me frustrei com a verdade

que me apresentaram, com os dogmas que tolamente obedeci.

Quando vi que despojaram a velha cruz da montanha, colocando

no seu lugar um ícone vazio; abri mão de tudo que me ensinaram!

Na minha infância meus sonhos era o berço no qual descansava

meu futuro, mas quando o vi chegar nem me dei conta que fui

me perdendo na caminhada, me quebrando como um pedaço de giz.

Chegando a velha estrada, a única que sobrou, a estrada

assombrada da essência tão pequena da minha alma maltratada.

Continuei meu caminho em busca de um novo destino, carregando

no alforje um pedaço pequeno de esperança, um fardo pesado

de decepção e um pouco de fé no meu velho coração.

Dos meus ideais restou apenas a fé na velha cruz do topo da

colina; que vi algumas vezes de relance quando estava em

agonia. Confesso tentei devolve-la, desistir da fé, a deixar partir,

mas quem me deu não aceita devoluções, por isso guardei ela.

Estou de mãos vazias, perdi alguns “amigos” que não conseguem

amar quem não reza em sua cartilha. Não quero ir sozinho por isso

te convido para ires comigo. Mas se não quiseres caminhar ao

meu lado nesta loucura do andar, vou entender e continuarei minha

sina, alimentando enleios, ora desejando a morte, ora lutando para viver!

Espero chegar ao fim desta estrada ainda que o nada eu venha encontrar.


Guilherme Costa

Nenhum comentário:

Postar um comentário